Nota: muito deste artigo publicado na revista "Sounds Of Death nº 4" está incorreto, e Varg discute a realidade no "incidente em Estocolmo" numa recente entrevista em 1998. Tenha em mente que aquilo que você lê em uma revista nem sempre é verdade. Este artigo é muito mais ficção às vezes...
Numa
noite tranquila em Julho, 1992, uma família, incluíndo duas crianças
pequenas, dorme em sua casa suburbana em Upplands Vasby, norte de
Estocolmo. Enquanto isso, fora da casa, Maria - uma jovem de 18 anos,
membro do Black Circle, uma organização de cultuadores do demônio -
espalha silenciosamente acetona na porta de entrada e janelas da casa e
calmamente põe fogo na estrutura. Antes de fugir do local, Maria prende
uma faca na porta principal, junto com a seguinte mensagem: "O Conde
esteve aqui e vai voltar". A família sente cheiro de fumaça pouco
depois e consegue escapar por pouco da casa, apenas com suas vidas,
antes das chamas queimarem tudo, fora de controle. A investigação
policial do crime levou à prisão de Maria e o confisco de seu diário,
onde ela revela que faz parte do culto secreto ao demônio, Black
Circle. Numa referência a Conde Grishnackh da banda norueguesa de Black
Metal Burzum, Maria escreveu: "Eu fiz em uma missão para nosso líder, o
Conde. Eu amo o Conde. As fantasias dele são as melhores. Eu quero uma
faca, uma faca bonita, afiada e cruel".
A
família vitimada era a família de Christoffer Jonsson, vocalista da
banca sueca de Death Metal Therion. Quatro dias depois do incêndio, uma
carta do Conde chegou à família. "Olá vítima! Aqui é o Conde Grishnackh
do Burzum. Eu acabei de chegar de uma viagem da Suécia e acho que perdi
um fósforo e um álbum autografado do Burzum, ha ha! Eu vou dar a você
uma lição no medo. Nós somos mesmo mentalmente desajustados, nossos
métodos são a morte e a tortura, nossas vítimas morrerão lentamente,
elas devem morrer lentamente". Pouco depois, Conde Grishnackh, nome
real Varg Vikernes, é levado a interrogatório por três incêndios na
Noruega e pelo incêndio em Upplands Vasby. O Conde não confessa nenhuma
relação com a garota sueca Maria e declara inocência em todas as
acusações. Maria é levada a um hospital para doentes mentais e solta
depois de um ano de tratamento. As acusações sobre o Conde jamais são
provadas.
10
de Agosto, 1993. Oystein Aarseth, conhecido também como Euronymous da
banda de Black Metal Mayhem, é encontrado morto nas escadas do prédio
onde morava em Oslo com várias punhaladas. Chamado de "Deus do Black
Metal" e conhecido nos círculos satânicos como "O Príncipe da Morte",
Aarseth administrava uma gravadora chamada Deathlike Silence, e uma
loja de discos chamada Helveye. A polícia norueguesa suspeita que o
assassino primeiro apunhalou Aarseth em seu apartamento, e quando este
tentava fugir pelas escadas foi pego e apunhalado novamente. Seu melhor
amigo era o líder satanista norueguês Conde Grisnachk. O círculo do
Conde afirma ter certeza de que os rivais satanistas suecos estão por
trás do crime. Um porta-voz da polícia disse que "estes grupos
realmente se odeiam e são capazes de usar quase qualquer método para
punir um ao outro". De acordo com o Conde, os suecos lêem a bíblia
satânica e clamam serem satanistas, e que isto não é satanismo. Para o
Conde, o verdadeiro satanismo é o praticado pelo seu grupo, que cultua
a morte.
13
de Agosto, 1993. A polícia de Oslo conduz um interrogatório de oito
horas com Ilsa, uma garota sueca de 16 anos que era amiga íntima tanto
de Oystein Aarseth como de Conde Grishnachk. "Eu tenho certeza de que
sei quem matou Oystein. O assassino era invejoso e queria tomar a
posição de liderança que Oystein tinha no cenário", disse a garota. "Eu
não acredito que Oystein foi assassinado por satanistas suecos. A
maioria dos suecos é muito covarde para matar alguém. Eu não vou
revelar o nome do assassino. O ambiente Black Metal vai fazer sua
própria vingança contra ele". Um mês antes desta entrevista Ilsa havia
estado por três semanas com Oystein Aarseth em seu apartamento em Oslo.
Ela diz que Oystein falou sobre os conflitos entre os suecos e
noruegueses e que ele deixou bem claro que em sua opinião esta richa
havia chegado a um fim. "Aquele que eu penso ser o assassino é parte do
ambiente norueguês. Muitos outros com quem eu tenho conversado também
chegaram à mesma conclusão. Eu não posso dar o nome da pessoa que
acredito ser o assassino porque estaria arriscando minha própria vida".
A garota prosseguiu, dizendo que Aarseth não costumava carregar armas
consigo para se proteger, pois ele era fisicamente forte e se sentia
capaz de se defender desarmado. "Eu não acredito que ele deixaria um
estranho entrar em seu apartamento, não era seu estilo. Isso me deixa
ainda mais certa sobre o nome do assassino".
Quatro dias depois desta entrevista, Conde Grishnachk foi preso e acusado do assassinato de
Aarseth. Ele está aguardando julgamento. Segue uma entrevista feita por Karl Milton
Hartveit.
KM (Introdução)
- Durante uma noite, no fim de março, eu falei com o Conde. Ele me
surpreendeu, sendo uma pessoa fria e eloqüente que se expressava clara
e inteligentemente. Ele respondeu às minhas questões precisamente e
deixou bem claro o que ele queria responder e o que não queria. Ele
demonstrou uma sabedoria convincente sobre mágica e tradições satânicas
e ele formulava seus pensamentos com uma velocidade e inteligência que
não se encontra facilmente em um charlatão. Eu declarei que estava
trabalhando em um livro sobre satanismo e ele, sem hesitar, disse que
eu poderia usar esta entrevista em meu livro. Um assunto recorrente
durante a conversa foi o desejo intenso do Conde em destruir e arruinar
tudo aquilo que é bom e harmônico. O fato de ele ter falado comigo em
bergensk (um dialeto norueguês falado em Bergern, cidade do Conde)
apenas contribuiu para aumentar ainda mais o horror trazido por sua
mensagem.
VV
- Bom, eu não estou tão interessado em entrevistas como no passado. As
revistas distorceram minhas palavras. Eu acho essa coisa de concentrar
todo o pensamento negativo em uma pessoa só é errado, não estou nesse
negócio por dinheiro, fama ou fãs. Eu vejo o Burzum como um sonho sem
alicerce na realidade. Foi feito para estimular a fantasia dos mortais,
fazê-los sonhar. Estou cansado de ser mal interpretado pela mídia. Tudo
o que escrevem sobre mim está cheio de erros, como esta merda sobre
"Nidarosdomen", a igreja que eu deveria explodir com dinamite. Quem
falou isso para eles? Eu nunca ouvi falar nesta maldita igreja!
KM - Qual o objetivo de sua cruzada?
VV
- Nós queremos criar o maior medo possível, caos e agonia para que esta
sociedade idiota e amigável cristã possa ser destruída. Nós não estamos
realmente interessados na revelação da verdade. Quando divulgamos
mentira, causamos confusão; confusão leva ao caos, e finalmente à
destruição que queremos. As pessoas devem ser oprimidas e nós apoiamos
tudo aquilo que oprime o homem e tira dele seus sentimentos como
pessoas individuais. É por esta razão que gostamos de saber que o
cristianismo é poderoso... Ele oprime pessoas e todos acham que está
tudo bem.
KM - Quais são seus sentimentos em relação aos praticantes da chamada "Magia Branca"?
VV
- Eles são todos estúpidos e inocentes. Eles trabalham pelo bem e nós
somos totalmente contra isso. Nós queremos espalhar caos e destruição.
KM - Qual sua opinião sobre Anton LeVay e seus seguidores?
VV - Anton LeVay é um idiota e as coisas que ele representa não tem nada a ver com
satanismo. Ele representa o benefício próprio e egoísmo se apoiando no
satanismo. Aleister Crowley também era uma farsa. Ele era tão aficionado por sexo que perdeu a verdadeira mágica.
KM - Você pode dar exemplos de como espalha caos e destruição?
VV - Através de nossa música. Ela desmantela a alma do ouvinte, e através dela espalhamos morte e devastação. Nós gostamos disso.
KM - Eu não entendo, você não gosta das músicas que você cria?
VV - Nós gostamos daquilo que ajuda a destruir o bem e pessoas estúpidas, e, portanto gostamos de nossa música.
KM - Você fala como se pertencesse a uma sociedade secreta, a uma elite no mundo. O quê é e quem faz parte desta elite?
VV
- É um pequeno grupo de pessoas que cultuam o mal, você pode chamar o
mal de Satã, mas este é um conceito desgastado e insípido que tem sido
usado incorretamente tanto pela mídia como pela cultura cristã. Nós
queremos o mal para ganhar mais poder no mundo e isso só conseguimos
sendo maus. Quando simples humanos criam o mal, o poder do mal no mundo
fica mais forte. Eu não vejo nada de extremista em meu ponto de vista.
O que os idiotas chamam de mal, eu chamo de razão verdadeira da
sobrevivência. A luta é evolução, paz é degeneração. Apenas os cegos
podem negar!
KM - Você usa contatos com poderes sobrenaturais?
VV - Eu não quero falar sobre isso, mas demônios e poderes invisíveis existem e podem ser usados.
KM - Quantos de vocês existem e como estão organizados?
VV
- Eu não conseguiria dizer a você quantos somos, mas existimos na
maioria dos países do mundo. Apenas em países pequenos e isolados, como
a Albânia, nós ainda não conseguimos nos estabelecer. Temos contato
próximo entre nós e trabalhamos pelo mesmo objetivo.
KM - Vocês têm membros nas grandes cidades da Noruega?
VV - Sim, em muitas cidades.
KM - A sua organização tem um nome?
VV
- Nós nos chamamos de Black Circle e somos organizados em um círculo
central (Inner Circle) e vários outros círculos periféricos (Outer
Circles). Aqueles que estão nos círculos periféricos são apenas usados
para chegarmos aos nossos objetivos. Apenas nós pertencemos ao círculo
central, que temos conhecimento completo daquilo que estamos querendo.
KM - Você diz que vocês usam pessoas e que espalham destruição, medo e ódio. Vocês não respeitam as leis e regras da sociedade?
VV - Não! Por quê deveríamos? Nós temos nossas próprias leis e não ligamos muito para as regras impostas pela sociedade.
KM - Vocês deliberadamente quebram as leis da sociedade?
VV - Não posso dizer isso, é um crime.
KM - Mas em princípio?
VV
- Em princípio não temos nenhum escrúpulo em relação a quebrar as leis
da sociedade. Estas leis pertencem a uma sociedade que estamos lutando
para destruir.
KM - Você se vê como um rebelde?
VV - Não, nós não somos rebeldes. Nós apenas queremos destruir e espalhar o mal.
KM - Que tipos de rituais vocês praticam?
VV - Nós temos vários, mas não vou falar nada sobre eles.
KM - Os sacrifícios de sangue são parte importante destes rituais?
VV - É claro, o sangue é o poder da vida e é central aos rituais.
KM - Vocês sacrificam animais?
VV - Sim.
KM - Vocês sacrificam humanos?
VV - Isso é um crime.
KM - Mas em princípio?
VV - Em princípio não temos nenhum escrúpulo quanto ao sacrifício humano.
KM - E vocês já fizeram sacrifícios humanos?
VV - Eu não vou falar nada sobre isso.
KM - Eu não entendo. Por que você deu aquela entrevista reveladora a Bergens
Tidende?
VV
- Porque aquele jornalista estava me irritando e nós já tínhamos
revelado parte de nossas atividades. O que eu disse naquela entrevista
não era nada de novo.
KM - Mas você disse que pôs fogo em Fantoft Stavkirke e Asane
Kirke.
VV
- Não! Eu fui completamente mal-entendido e distorcido. Eu disse que
alguém de nosso grupo sabia como os incêndios haviam começado, nada
mais.
KM - Então você não teve nada a ver com estes incêndios?
VV - Eu não vou responder.
KM - Por quanto tempo você esteve envolvido no satanismo? Quando você começou a ter estes pensamentos que falou?
VV
- Eu sempre os tive. Basicamente, eu sou um devoto de Odin, o deus da
guerra e morte. Burzum existe exclusivamente para Odin, o inimigo de um
olho do deus cristão. Desde que eu me lembro, eu odiei pessoas boas e
generosas. Quando eu era um menino eu via as pessoas que estavam bem e
curtindo a vida e aquilo me machucava, eu queria arruinar aquelas
vidas. É isto que eu estou tentando fazer agora.
KM (Conclusão)
- Grishnackh fundou o Burzum no começo de 1987, quando ele tinha apenas
14 anos, com o nome Uruk-hai. O Burzum teve então uma pausa de um ano
da metade de 1990 à metade de 1991, quando o Conde, junto com Demonaz e
Abbath do Immortal tocaram em uma banda chamada Satanael. Ele também
tocou guitarra em uma banda de Death Metal chamada Old Funeral. Quando
o Satanael acabou, Grishnachk continuou com o Uruk-hai e mudou o nome
para Burzum em Agosto de 1991. "Eu sempre evitei me envolver com outros
músicos no Burzum, sou muito individualista para isso. Você pode chamar
de intolerância e egoísmo... Na verdade, eu tive um baixista por alguns
meses em 1992, mas eu o chutei!" O Burzum lançou três álbuns por
enquanto: o "debut" ("o álbum mais primitivo e cheio de ódio) em março
de 1992, o EP Aske (" o álbum rock and roll ") em março de 1993 e o Det
Som Engang Var ("o mais pesado e mais estranho") em setembro de 1993.
Um outro álbum, "Filosofem", vai ser lançado mais tarde neste ano e de
acordo com Grishnachk é "depressivo, transcendental e sem nenhuma
dúvida o melhor de todos".
ENTREVISTA 2
BJ = Björn Hallberg
VV = Varg Vikernes
VV = Varg Vikernes
BJ - Por favor me diga seu nome completo, idade e local onde se encontra.
VV - Meu nome completo é Varg Vikernes. Nasci no dia 11 de fevereiro de 1973, e no momento estou na prisão Trondheim.
BJ - Qual o motivo EXATO de sua condenação?
VV
- Eu fui condenado por: roubo e possesão de 125kg de dinamite e 26kg de
glinite (outro tipo de explosivos); incêndio premeditado de quatro
templos judeus (igrejas), dos quais três queimaram até virarem cinzas;
três casos de invasão de propriedades privadas (em busca de armas,
alguns disseram); assassinato em primeiro grau (apesar de ter sido um
assassinato em segundo grau na verdade); e... bem, acho que isso é tudo.
Eu
fui acusado também de ter incendiado um quinto templo judeu (Fantoft
Stavechurch); um ou dois casos de violação de túmulos; e eles também
apreenderam aproximadamente 3000 balas de rifle e pistolas (mas a
polícia apenas pegou essa munição, e nem ao menos mencionou-a na lista
de itens confiscados). Eu fui considerado inocente no incêndio da
igreja Fantoft, e o próprio promotor chegou a aconselhar o juri a não
me considerar culpado destas acusações - simplesmente porque eram muito
ridículas e porque não havia prova alguma de que eu tinha feito coisas
como essas, como violar túmulos!
Eu
mesmo disse à corte que eu era culpado do roubo e posse da
dinamite/glinite, e também confessei que era culpado de "homicídio
doloso" em defesa própria. Eu quis dizer que foi algo em defesa
própria, mas depois entendi que na visão deles, no sistema legal deles,
era chamado legalmente de "homicídio doloso", já que eu não estava mais
em uma posição onde minha vida estava DIRETAMENTE ameaçada, pois o
Aarseth (o cara que eu matei) estava fugindo de seu apartamento quando
eu o matei.
Não
houve prova nenhuma em NENHUM dos casos de que fui acusado, a não ser
na história da dinamite/glinite, é claro... Afinal eles encontraram
150kg de explosivos no meu sótão...
Em
todos os outros casos eu fui considerado culpado apenas porque haviam
UMA ou DUAS testemunhas em cada caso, dizendo que eu tinha feito
aquilo, ou estado lá, ou coisas do tipo. Algumas provas eram tão fracas
que meu novo advogado disse que estava surpreso por eu ter sido preso
com base nelas. Em um caso era ÓBVIO que eu não tinha cometido o crime
(o caso Åsane Kirke). Então, eu diria que fui condenado mesmo sem
ninguém ter prova nenhuma contra mim!
BJ
- Você diz que o fundador do Mayhem, Oystein Aarseth foi assassinado em
defesa própria? Por que motivo ele queria matar você, então?
VV
- Ele queria me matar por várias razões. Eu saí de sua gravadora, e
fazendo isso o deixei apenas com algumas bandas que vendiam muito pouco
(Abruptum, e algumas outras merdas). Eu fiz ele parecer um idiota
completo em várias ocasiões, por exemplo, eu dava risada na frente dele
enquanto desmascarava todas as mentiras que ele contava. Eu comecei a
espalhar propaganda racista em nosso meio. Mas, o que é mais
importante, eu comecei a ser mais interessante para a mídia do que ele.
Por alguma razão era muito importante para ele ser "o centro" de tudo.
Eu ganhava mais atenção porque de fato FAZIA as coisas que dizia,
enquanto ele apenas ficava falando e falando - então depois de um tempo
ninguém mais o levava a sério, pois todos viam que ele era apenas uma
pessoa com muita conversa e nenhuma ação. Ele me culpava por isso, já
que eu era a pessoa - ele acreditava - responsável por fazê-lo parecer
um covarde (o que ele era, é claro).
Você
deve se lembrar de que ele foi "o centro" do movimento por um longo
tempo; ele tinha 25 anos de idade, enquanto eu tinha apenas 19 (e 20
quando o matei), e ele ficou seriamente ofendido quando as pessoas
começaram a me ouvir ao invés de ouvir a ele. Ele era um comunista, e
odiava o fato de que "todo mundo" estava muito mais interessado no meu
nacionalismo e minha visão racista - isto é, depois de um tempo, é
claro. Ele não gostou do jeito que as coisas se desenrolaram e queria
acabar com isso, me matando. Primeiro ele tentou encontrar provas
contra mim por vários crimes que ele "sabia" que eu tinha cometido, mas
ele não conseguiu encontrar nada.
A
razão pela qual eu o desrespeitava era simplesmente esta: ele era
completamente incompetente e incapaz de administrar sua gravadora com
eficiência. Ele era cheio de grandes palavras e nunca fazia nada
daquilo que prometia. Ele tinha verdadeira obsessão por seus
pensamentos "Satanistas", enquanto eu queria espalhar o Odinismo na
cena (e ele me odiava por isso também). Ele era ridículo, via filmes
pornô o tempo todo, e nós até mesmo desconfiávamos que ele era bisexual
ou homossexual! Eu não queria saber de nada que tinha a ver com ele, e
eu nunca fiz nada de vontade própria para esconder meu ódio por ele.
Ele era um porco, e eu dizia isso a "todo mundo"!
Eu
estava meio puto porque tinha gastado muito tempo, fé e energia em sua
gravadora, e tudo foi desperdiçado! Eu era jovem, certo, mas ainda me
sentia um idiota por ter acreditado em sua gravadora no começo.
Resumindo,
eu tinha muitos motivos para odiá-lo, e por causa do meu modo de lidar
com este ódio (que era respeitado por "todo mundo") ele também tinha
muitos motivos para me odiar; eu disse a verdade sobre ele, e com
certeza a verdade muitas vezes é desconfortável!
Eu
disse - e ainda digo - que eu o matei em defesa própria simplesmente
porque foi ele quem me atacou, e não o contrário, quando eu apareci em
seu apartamento naquela noite para dizer a ele "parar de me encher o
saco" (para colocar em palavras claras). Ele queria me torturar até a
morte, filmando tudo e vendendo o filme para outras pessoas - e eu
sabia disso porque um amigo dele me contou. Ele me atacou e tentou me
matar (com uma faca). Por pouco ele não conseguiu, mas eu sabia que se
eu não acabasse com "o show" lá eu estaria apenas dando a ele uma
segunda chance e é claro que eu não vi nenhum motivo para deixar isto
acontecer. E se ele tivesse mais sorte na segunda vez? É por isso que
eu digo que foi em defesa própria. No começo era defesa própria, até
mesmo legalmente, mas quando ele começou a fugir não era mais
legalmente defesa própria, e então eu chamo este assassinato de "ação
preventiva", "defesa própria preventiva".
BJ
- Houve uma história alguns anos atrás de uma garota (Maria, ou algo do
tipo), que botou fogo na casa do vocalista da banda sueca Therion perto
de Estocolmo... Você ainda não quer comentar este fato?
VV
- O que você quer dizer com "ainda não quer comentar"? De qualquer
modo, eu não consigo entender o que isto tem a ver comigo. Essa garota
(Suvi Marjatta, e não Maria) pôs fogo na casa desse cara do Therion uma
semana DEPOIS de eu ter estado na Suécia. Eu acho que autografei um
álbum do Burzum para este cara do Therion, por brincadeira, porque ela
(Suvi M.) sabia onde eles ensaiavam e disse que podia entregar o álbum
para este cara.
De
qualquer modo, ela incendiou a porta da casa da família dele, e depois
pregou meu álbum autografado na parede (eu acho)! Depois ela me ligou,
quando eu já estava na Noruega, e me disse o que tinha feito. É claro
que eu achei que ela estava doida (e estava mesmo; eu acho que ela está
em um hospital para doentes mentais agora), e também um pouco
engraçado. Nós (na Noruega) não levamos isso muito a sério, talvez
devêssemos dar mais atenção ao fato, mas nós realmente pensávamos que
era um tipo de piada. Então eu escrevi uma carta para o Therion dizendo
algo do tipo "eu acho que perdi uma caixa de fósforos quando estive na
Suécia, ha ha", alguma coisa assim.
Eu
autografei o álbum porque nós não gostávamos do Therion, porque eles
queriam ser "Rock Stars", e levavam a banda muito a sério, então foi
uma espécie de brincadeira com isso - eu assinei o nosso "debut" como
se fosse um Rock Star e o entreguei para ele (como se fosse "óbvio" que
ele gostaria de uma cópia autografada). É claro que era irônico e
também uma piada, mas nem preciso dizer que a tal Suvi M. "exagerou" um
pouco...
Resumindo,
este incêndio não teve realmente nada a ver comigo, e desde o começo
era apenas uma brincadeira. Eu queria na verdade entregar o álbum
pessoalmente, mas nós ficamos sem dinheiro quando estávamos lá (eu e um
cara do Abruptum), então nós não tínhamos gasolina suficiente para ir
até onde eles ensaiavam (mais ou menos uma hora de carro de onde nós
estávamos). Foi assim que essa garota entrou na história. Ela poderia
entregar o álbum por mim.
Eu
tive que agüentar um monte de merda por causa disso, com algumas
pessoas dizendo que eu "mandei minha namorada" botar fogo na casa dele,
porque eu era muito covarde para fazê-lo por mim mesmo, e até mesmo que
na próxima vez eu mandaria meu cachorro e assim por diante. No entanto,
como você pode ver toda essa coisa tem pouco a ver com as versões
apresentadas nestas revistas sobre Metal. Este caso me garantiu umas
risadas, é claro. É incrível como podem inventar coisas sobre uma coisa
tão pequena como este incidente...
BJ - O que é o Black Circle? Você ainda é ativo nele?
VV
- Ha ha, eu estou surpreso por AINDA me perguntarem isso. NUNCA existiu
um "Black Circle", exceto na cabeça de Aarseth/Euronymous, que queria
se fazer mais interessante criando algo como um "misterioso Black
Circle". Era apenas um produto da fantasia dele que nunca existiu. As
revistas de música britânicas engoliram esta história estúpida, ou
apenas fingiram acreditar para ter alguma coisa sobre o que escrever.
Eu não sei.
Apesar
disso, eu devo dizer que nós - outros caras que tocavam metal - também
"encenávamos" e não fazíamos nada para desmentir a existência deste
"Black Circle", não fazíamos nada para espalhar que era apenas um
produto da imaginação de Aarseth.
Agora
que eu estou falando sobre isso, posso dizer que esta foi mais uma das
"mentiras de Aarseth" que eu fiz questão de desmascarar, e uma outra
razão para ele me odiar - ou me matar antes de parecer um idiota
completo ao mundo.
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